sábado, 15 de agosto de 2009

ÁRVORES PESSOAS


Pessoas, pessoas,
Singelas, soberbas
Às vezes classudas
Às vezes caretas
Algumas confusas
Algumas certezas
São todas pessoas
São todas beleza

Árvores, árvores
Tão verdes, cansadas
De ficarem eretas, paradas
De serem cúmplices
De serem chamadas,
A presenciar amores
Abandonos, caminhadas

Eu sou a lenha cortada
Repartida, esmiuçada
Eu já fui árvore, já fui usada
Já fui ouvido, já fui chamada
Presenciei carinhos
Choros, soluços, engasgadas
Tristezas, solidão e passeatas
Em minha defesa?
Mentira deles, mentiras
Por quem eu acreditava
Que pudesse ser amada
Foi justamente o engano
Fui cortada.

Pensa que aprendi?
Mesmo desconfiando
Continuo a insistir
Agora vou ao fogo
Ser brinquedo de quadrilha
Vou desaparecer, sem partida
Sem tchau, sem despedida
Talvez um dia volte
Na raiz de uma nova árvore
Para ser tudo de novo
Menos o que eu mais tema
Aparentemente mais desejoso
O que no ouvido mais soa
O que eu queria mesmo?
Simplesmente ser pessoa!



Dedicado a um amigo muito especial.

Um comentário:

  1. Há um tempo busquei os adjetivos que melhor cairiam para suas palavras. Desistí. Seriam vários, aqui, não caberiam.
    Quero então agradecer por você ser poeta, por sua arte, pela pessoa maravilhosa que você é, e por ser meu amigo.
    Grato, por dar vida à essas palavras.

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