sábado, 15 de agosto de 2009

SABE...




Sabe um mundo desabando
E você não escuta o barulho
Só sente algo estranho
No estômago um embrulho
Pupilas dilatadas
Sentimentos misturados
Coração na garganta
Pedaços despedaçados

Como se você flutuasse
Sem chegar a lugar algum
Só saísse sem se preocupar
Sem ao menos saber se vale
Mas sabendo que pode ser que seja
Que é só você que realmente sabe

Sabe uma voz chamando de longe
Você já ouviu aquilo antes
Mas não sabe de onde
Talvez na infância
Ou num sonho infame
Mas a voz te chama
E ela vem de longe

É sair gritando nu, desesperado.
Como se quisesse ser liberto
E ao mesmo tempo aprisionado
Uma sensação tão intensa
É um querer desenfreado
É produzir sintoma a todo instante
Só em pensar no desejado

Grito tanto e não sai voz
Você corre e nunca chega
Mesmo com gente se sente só
Como se caísse de um penhasco
De olhos fechados sentisse o asco
Ao tocar o chão com os pés descalços

Nem sei o que tento explicar
O que sinto enquanto escrevo
Ao som de canções que me fazem
Sentir mais de perto o desejo
Sonhar com o dia, a imagem
Do que antes estava tão longe
E agora talvez na garagem
Produz sensações vacilantes

Será que o presente me estraga?
Tudo é tão inquietante!
Será que prefiro o impossível?
O improvável? O inconstante?
E a libido que invisto agora?
Nesse objeto tão forte, gigante.
Não faço mais nada,
Não mato, não morro
Não fumo, não bebo
Não estudo, não trabalho
Só me alegro e sofro
Sinto um calor, um gelo
Tudo unido, misturado
Junto, condensado
Tento gritar, um apelo
Mas não sai voz, não tem jeito.

Penso em me lançar
Deixar que isso tudo me leve
Mas se não suportar?
Se eu me devorar?
Meu pobre coração, como será?
Ansiedade? Ansiedade!
A resposta pra tudo? Não acharás!
E se isso tudo for amor?
Será q vale a pena amar?
Se amar vou morrer,
Tenho certeza, não vou suportar.

Eu vou tentar ficar quieto
Respirar fundo
Cantar “Esquadros”,
Contar até mil
Deitar no chão do quarto
Olhar pro teto e sentir frio
Vou me enrolar no lençol da noite
Mas vou desligar a tv,
O rádio, o pc

Vou sumir de mim,
Se alguém me achar, não sei
Como será que me encontrará?
Talvez apagado, verei
O que não poderia imaginar
Mas acordado tentei

Se for tão real tudo então
Eu não consegui, mas pensei
Se realmente for possível amar
Tenho certeza, morrerei.

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