sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

REPRESENTANTE




Você pensa que não percebo
Mas eu sou Mago, como dizem
Eu analiso os seus gestos secos
Eu lhe devoro por dentro de mim

Esquadrinho os seus atos mais desinteressados
Por que é neles que encontro todo o sentido
Do que tentas fazer neste meio tempo comigo
Para dar conta do seu egoísmo mais companheiro

O que você tenta fazer é me transformar
No objeto do teu desejo mais singular
Muda a cor da minha pele, o cabelo, o gesto
Mesmo assim você repele, “tira o pêlo!”, o resto...

Não sou eu quem você quer
Se questione, reflita e verás
Sou apenas o representante simbólico
De quem tu queres realmente amar

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

TIRA-GOSTO


Quem se envolve com você, te adora
Quem se envolve comigo, se apaixona
E é ai onde passo a ser perigoso
Por que quando eu estou gostoso
Na mira do seu amor...
A fuga é a saída, e ela deixa dor.
Não sou a carne da sua comida, reveja...
Eu sou apenas o tira-gosto da sua cerveja.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

[...] 7



Chega de lamento, pelo menos por hoje
Quero acreditar em contos de fadas,
E desejar a sorte de um amor tranqüilo
Que cuide da minha oferta viva
E cure a dor do amor antigo...

LEMBRA DAS ASAS?




Lembra das asas?
Discutimos muito sobre elas
E só agora tenho percebido
Que elas sempre existiram
Só não as via como empecilho

Você talvez tivesse mesmo razão
Em alguns momentos que murmurou,
Mas olhando bem pra minha mão
Eu não encontro o sangue que jorrou
Do teu coração supostamente ferido

Eu as tenho usado de forma imprudente
Tanto que hoje me encontro doente
E sabe por que sei disso?

Porque as seqüelas que você deixou
Obrigam-me a voar tão longe
Na ilusão...
De que suas imagens
Sumirão...
Eu encontro semblantes
Em cada nova viagem
Que me questionam recorrentes
“Onde colocaste a coragem?”

E eu só vejo insistentemente
Minha limitação e fraqueza
Choro de tristeza em reconhecer,
Aí passo ao ato e corto as asas
Que um dia você tentou fazer.


[Choro]

AO SOM DE "VAMBORA"



Há muito tempo não escrevia assim
Com volúpia e paixão intensa
E o que eu grito nas palavras
Escorre da minha pele tensa
Misto de verdade. Suor onde...
É simbolizado o sentido
Que meu corpo responde
Quando me lembro dos beijos.

ONDE ESTÁ?




Hoje amanheci com uma enorme saudade
As lembranças não foram nada piedosas
E eu percebi que mesmo com o coração marcado
Ainda escuto nas batidas silenciosas,
O teu nome...

Eu realmente estou perdido nesta ferida
E ainda ecoam em minha mente tuas verdades
Não sei mais onde procurar a alegria perdida
Não sei mais onde está o desejo de eternidade

CASULO




Como seria a vida dentro de um casulo?
Escuro...
Por um lado talvez fosse obscura
Mas por outro ela seria segura...

Os olhos estariam protegidos do desejo
E a motivação da vida seria sobreviver

Viver implica desejo, e desejo é querer

Querer o que nem sempre pode ser seu
E por mais que em algum momento
Você consiga aquilo que sempre quis ter
Descobrirás com voz de lamento
Que não existe eternidade nos corações
Que o “pra sempre”, sempre acaba!
Como sempre falam nas canções.

A ARTE, A MÚSICA E O CINEMA


Podem me chamar de louco
Pois eu sei que foi por pouco
Que encontrei por pura sorte
A arte, a música e o cinema
Que me livram todos os dias
Dos braços sedutores da Morte...

RIO



Ah Rio! Só em ouvir teu nome
Eliciam-se sensações em mim
Como se a nossa verdade,
O romance e a distância
Florescesse na pele a saudade

E apesar dos últimos momentos contigo
Terem sido tão tristes e chorosos
Eu fico com um misto de sentimentos
Que não são em nada, piedosos

Talvez eu precise de um tempo só nosso
Nos últimos encontros te dividi demais
E só eu sei,
Que cada suspiro que dei
Nas calçadas do Leblon, me faz
Sentir ainda mais vontade de estar
Deleitado nos teus braços sedutores

Quero-te mais, talvez uma temporada inteira
Ou pelo menos uma falsa brincadeira
De me fazer presente,
Nem que seja em mente
Naqueles arcos boêmios da Lapa.

SER SÓ





Sabe qual é a pior parte de ser só?
É a ânsia de choro que você sente
Quando quer ser junto e por defesa
Não permite que seu coração sorria
Porque a ferida que o amor deixou
Cresceu e engoliu a alegria
Da possibilidade de Felicidade
Mesmo que esta fosse tardia...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

RESQUÍCIOS DE ALGUÉM





Você consegue me surpreender com um sorriso
Quando repentinamente, sem eu esperar muito
Olho nos teus olhos e eles brilham aflitos
Por afago e carinho...

Logo eu que sou tão cuidador, meu bem
Se são beijos doces e carinho o que queres
Achaste os resquícios de alguém...

Que te quer!

SUSPIRO

É um misto de incerteza e desejo de eternidade
Pode ser fraqueza, pode ser apenas saudade
Mas tô aprendendo a ser HOJE, de verdade...

APRENDEU NOS FILMES


Garoto, quando você me olha assim
Como se tivesse aprendido nos filmes
Uma chama acende e é vermelha
Nessas horas, se dependesse de mim
Levava você para um lugar discreto
E te encheria de afeto
Até novo dia chegar...

SOZINHOS



Depois de tantas insistências, tantas incidências
Eu só queria que você não me ligasse mais
Eu fico tão fragilizado, cheio de engasgos
E eu desconfio onde isso tudo vai parar

Mas eu sei que faz parte esse momento
Onde nem eu, nem você estamos tão bem
Mas iremos nos acostumar, eu sei que sim
E encontraremos novos abraços no vento

O melhor para nós é a felicidade
E já tem um tempinho que ela se foi
É a hora de cada um seguir em achá-la
Agora sozinhos, vagando, pela cidade...


sábado, 29 de outubro de 2011

MÁGOA

A mágoa viva, é um monstro perigoso
O seu alimento é a destruição
Do amor que antes era gostoso
E agora é porão de dor.

domingo, 25 de setembro de 2011

NOSSA CANÇÃO


Juntos nesta estrada batalhamos, Para realizar este sonho...
Aqui, eu e você, em uma só voz declaramos

Que queremos viver para sempre enamorados
 E que a cada manhã, se renove este amor
Vem e segura minha mão, e ao trocar das alianças
Surgirá em nossas vidas uma nova canção

Em nós esta canção sempre estará
Para relembrar o trabalho de Deus
Pois, sem nos preocupar, ou nos conhecer
O Senhor já unia, eu e você!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

DEITANDO


Vou deitando sobre minha sombra negra
Talvez assim eu descanse o coração
Ao esconder a forte e suja escuridão
Que eu afasto todo dia da certeza
Prefiro a dúvida, ela me salva
Ela não me obriga a negar
E isso me acalma...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

SOSSEGO E SILÊNCIO


Sossega agora aquela ânsia aguda
Da vontade de querer mais de nós
Da fábula que havíamos tornado tudo
Momento bom de descansar a sós

Mas pergunta-me sobre o meu desejo traidor...
Ele não quer obedecer ao rancor persistente
Tem força própria e persiste em infringir
Em te querer, ainda mais...

All Alright...
Será? Right?
Ainda tem confusão demais
Mas ela é enterrada, suprimida
Quando sua imagem dominadora
Avassala a garagem suja da minha mente.

Você soube construir um pilar que parecia pequeno
Mas é em momentos de fragilidade como este
Que percebo que mesmo quando me fazes mal,
Continuas firme,
A torre mais forte que sustenta a minha sanidade.

Se eu pudesse matar esse amor, confesso...
Por puro orgulho, mataria
Mas eu sei, que se tento passar ao ato
Minha morte se precipitaria,
...Para salvá-lo.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

CONFUSÃO

Toda essa confusão
Saia agora do meu coração
Se há dúvida, duvido que seja amor...
Pois AMOR, é vontade de eternidade...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

...[6]

Dor no meu peito
Dor na mão
Só não tem jeito
Para dor no coração...
E se existir
Pode ser que o fim
Seja o único
A única solução.

terça-feira, 21 de junho de 2011

CEMITÉRIO DOS SENTIMENTOS BONS


A dor que sinto agora
É intensa em lamúrias
Quase impossível por hora
De ser podada ou expulsa

Ela ta saqueando minha paz
Triturando o meu coração
E quando me lembro de nós
Só me vem à mente a palavra
NÃO!

Vou caminhar destruído e chorando
Ouvindo com tristeza esses sons
E se por acaso quiser, me acharás...
No cemitério dos sentimentos bons

segunda-feira, 6 de junho de 2011

TRISTEZAS


Minha paranóia me adoece
Não tô conseguindo dormir
Essa melancolia é profunda
Ela insiste, me afunda
Me suga, me atormenta
E agora, o que eu faço?
Me ajuda se realmente me amas...
Se com você perto, sofro,
Com você longe me esqueço.
E o meu tropeço...
Fica mais fácil!

Tristezas dominam minha madrugada solitária,
Quando sua presença insiste em não estar perto.
...e pobre de mim que aprendi a viver...

DIONÍSIO


Toma meu corpo Dionísio
Ele é teu enquanto quiseres
Não tenho mais nenhum domínio
Pois com tua paranóia me feres

Com essa noite, o silêncio
E nessa insônia, meu grito
Sem o descanso eu perco
A cada dia, libido...

Frio,
Estou ficando Seco.

domingo, 8 de maio de 2011

ATALHO DA SORTE



A tensão vai passar, eu sei
O vento sopra intenso agora
E eu consigo sentir uma dor
Que por mais que fira por horas
Ela vai me ensinar a ir embora
Sem chorar e nem desistir
Por que eu aprenderei e serei ainda mais forte.
Quando pegar o atalho que mudará minha sorte.

DESAPRENDI



A névoa que encobre meu rosto hoje
É a mesma que me cegava enquanto só
E se eu corria pra ela em defesa de mim
Neste instante me espanta por agora ser dois

Mas eu te digo por certo
Que se ela reaparece aqui
Há algo de errado, quieto
Pois nem mesmo sorrir
Eu consigo sozinho...
É triste, mas desaprendi.

THE LONG DAYS IS OVER



Os longos dias acabaram
Aqueles de longas noites
Aqueles de alegrias soltas
Simplesmente se foram...
E você me pergunta o que fiz?
Eu sempre fui leve, tentei
Você pode não valorizar,
Mas guardei...
O meu mais sólido amor,
Te doei. Doeu...
Mas me tirei de mim e te dei.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

LIMBO




Eu flutuo agora
Que sensação é essa?
É como se minha alma estivesse totalmente fora do meu corpo,
E o mundo não tivesse mais controle sobre mim.
Girando eu permaneço, e a gravidade já não me vence
E eu só escuto esse gemido que sai do âmago do meu ser
Salve-me, salve-me...

Esse balé no meu coração
Tá começando a me engasgar
Mas eu não vou chorar,
Deixarei esse grito silencioso...
Por que esse sopro que me movimenta agora, é tão forte,
Como se calafrios saíssem dos meus poros e se transformassem em energia
E eu sei que essa energia vai renovar minhas forças.

Nessa escuridão boa, como acharei meu rastro?
Estou me abandonando agora e se eu me perder nesse limbo, desaparecerei...
E no meio dessa passagem, não haverá culpados
Pois eu serei completo, quando me encontrar pela última vez comigo...

sábado, 9 de abril de 2011

...[5]

Vou parar de gritar que te amo
Vai ver tua surdez melhora, né?
Afinal de contas tem tempo que chamo
Tu nem acorda, nem liga e nem dá fé...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

EU SIGO O TEU OLHAR


A pior escolha que se pode fazer
É a de seguir o olhar de quem se ama
Pois sempre descobrirás que não é você
O único alguém que detêm aquela chama
Do amor, do sexo, do querer...

Existe bem mais gente escorrendo, dá pra ver
Você não sabe, mas quando você olha
Eu vejo o reflexo do desejo na tua pupila
E isso me deixa louco, me devora...
Você me trai com o olhar e é na minha frente!
Porque você é descarada o suficiente
Para ficar toda exibida, toda prosa.

domingo, 20 de março de 2011

O MEL



O mel que escorre da minha boca
Às vezes me faz engasgar
Quando o seu cheiro e seu gosto
Eu teimo em querer espalhar

E é querendo, que eu te privo de mim
Isso me faz gozar quase sempre
Confesso, tem um pouco de maldade sim

Quando esse sentimento me domina
Meus dedos formigam e minha língua...
Seca!
Desculpem-me os amantes
Mas esse mel vai pro ralo bem antes
Que alguém consiga tocá-lo
Prová-lo, obtê-lo, degustá-lo...

E é por certo e propositalmente
Que afloro a maldade em mim
E eu gozo por dentro, gozo sim!

OS FANTASMAS



Os fantasmas que teimam em voltar
E expandir aquele desejo de morte
É, são eles que me fazem querer viver
Mesmo parecendo que não tenho sorte
Vocês dizem que sou deles...
Mas se continuarem a me querer e insistir
Eu sei, se eles me possuírem de novo
Vou continuar a querer existir
E existir dependendo do referente
É ruim, muito ruim...

SOMENTE QUERER



Existem vozes que me atormentam
Gostos que me entorpecem
Cheiros que me alimentam

Entre o pouco de tudo que me devora
Muito é de dentro, no centro
Mas há algo que vem de fora

E é justamente no silêncio da noite
Quando o mundo se fecha e você dorme
Que meu corpo cala, treme, recolhe
É nesse período que eu me drogo
Que eu mesmo deitado, sem movimentos
Sinto o meu corpo mexer, turbilhar
Querer...
Mas não tem você, o que fazer?

(silêncio)

Somente querer...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

RODANDO...

Rodando sobre o meu indicador
Como se eu fosse uma bailarina
Na ponta de um dedo acusador
Eu escondo minha face inquilina
Se existe algum tipo de razão
De está todo nu em cada esquina
O motivo é de chamar tua atenção
Jogar-me em ti sem pudor e sem batina
E ir rodar na palma seca da tua mão.

sábado, 1 de janeiro de 2011

A ALMA DANÇANTE



Era um mover que espalhava flores
Como se a cada lance de cabelos
Inspirasse aromas intensos, doces
E em giros firmes, o som como apelo

As pontas dos pés te erguiam aos montes
E o sentir que causava em toda a gente
Era o de voar na altura das fontes
Que jorravam do movimento do teu ventre

Não foi uma fumaça naquele momento
Foi uma neblina forte que surgiu
E como um impetuoso e forte vento
Você em passos de bailarina sumiu

Mas na memória guardada estará
A linda imagem da sua satisfação
A sua alma em constante dançar
Arrebatando o meu coração.

sábado, 25 de dezembro de 2010

DESNUDO



Hoje flagraram meu sexo exposto
Logo eu sempre tão recatado
Fui visto com comportamento oposto

A minha "pidância" foi tamanha
Que mesmo dizendo não, eu bradei...
SIM, me leva contigo! Exclamei.

Mas eu não imaginava que o Real
Seria tão intragável meu bem,
E que da noite restaria a vergonha
E eu do tamanho de um grão de areia
Mergulharia calado sem forças nas veias
Dos meus pesadelos mais impiedosos
Que pelos meus pontos fracos passeiam
Despindo-me do resto de pudor que me resta
Pois pela minha destruição anseiam

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

PROTAGONISTA




Eu sinto o furacão subindo da barriga até o peito
Amarrando meu coração com um barbante fino e negro
E minhas lágrimas chegam à garganta rasgando, corrói!
Fazendo com que eu queira bradar o desespero. Dói!
Mas eu suprimo, calo o grito e fico agachado
Com a cabeça sobre os joelhos e ai sim, choro
Assim eu tenho certeza que ninguém pode ver
A expressão da minha fraqueza tão forte
Essa fraqueza que é tão forte em mim
Sou um grande azarado que teve a sorte
De ser o protagonista de muitas histórias
Tristes, muito tristes!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

SER EU DE NOVO!



Sem asas, me sinto sem asas,
Não que eu queira ficar voando
Mas eu queria pelo menos a segurança
De que elas continuam em minhas costas

Sem tato, me sinto sem tato,
Não que eu queira sair me tocando
Mas eu queria pelo menos a segurança
De que se eu quiser
posso me bastar por um tempo

Quero ser um pouco eu de novo
Queria poder dizer que me amo
Não que eu ache que eu me basto
Mas eu queria pelo menos a segurança
De que ainda acredito nos meus ideais

Independente de quem eu seja hoje
Não admito que meu lado mutante
Mude em quantidade suficiente
De me descaracterizar por completo.

domingo, 31 de outubro de 2010

SEM INSPIRAÇÃO!

Sem inspiração, ando sem inspiração
Quem era o dono da minha produtividade
Quando mais quis encontrar com a vida
Só encontrei finados, só encontrei saudade.

Nem que eu quisesse escrever romances
Nem que eu devesse gratidão, favores
Nem se estivesse no meio de entrances
Não poderia morrer eu de amores
Pois você sumiu de repente
E levou a minha sorte, forte
Deixou-me só, sozinho. E só...
consigo em pensamento obsessivo
Traçar para mim planos de morte

Sigo sem inspiração
Sem inspiração,
inspiração!

sábado, 30 de outubro de 2010

SEM TÍTULO XI

Mais uma vez tenho ouvido o grito da madrugada
Ele me dá angustia de rachar os ossos da cocha
Confesso que me deixo louco quando tudo acaba
E sou obrigado a ouvir o gemido da tua soberba
Ai só resta em mim o lamento da decepção calada

sábado, 4 de setembro de 2010

OS SENTIMENTOS




É um invasor, impróprio e tão próprio,
É uma força majoritária, um tremor,
Um engasgo.
São fogos de artifício explodindo em mim,
É um desejo de viver impossível,
É uma morte possível, é uma cena na mente,
Um pulo de um penhasco,
É querer ser o improvável,
É vontade de chorar, um conflito...
Incompreendido.
É a pele estranha, é um toque transgredido,
É um grito preso, uma tontura,
Uma escrita ilegível,
Um espelho quebrado, minha imagem dividida,
Uma solidão irreparável.
É uma instabilidade, uma inconstância,
Um nó, uma dor de parto,
Uma mutilação psicológica, um buraco,
Um negro buraco.
O desconhecido, o imensurável,
O corpo violado e invadido
Por um sentimento parasita,
É um desespero, uma sensibilidade exacerbada,
Como se estivesse à beira do surto,
Como se a qualquer instante fosse escorrer de meus poros,
Lágrimas pretas que pintassem um quadro negro,
Para que possam vir colori-lo algum dia,
Pois eu não consigo mais.
Minha ótica impetrada,
Meu coração maculado, meu desejo torpe,
O que há em mim consome o que resta de super-homem,
Eu tenho me reduzido a algo que desconheço e temo.
Eu já Perdi a direção do que me acusava,
Eu não subordino mais meus sentimentos,
Eles tem me roubado a paz,
Como se quisessem abrir uma fissura no meio do meu peito e explodir na cara das pessoas, eles querem me destruir, e eu continuo sofrendo, eu já pintei dez quadros, mas de que adianta? Eu já escrevi tantas canções, já tentei amar alguém...

(choro)...

Eu nunca serei compreendido,
Eu vou morrer sozinho,
Não por falta de amor e carinho,
Mas por saber que esses hospedeiros malditos,
São condição para existir-se humano.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O PIOR BANDIDO



O ruim de se permitir viver
Experimentar o que é amar
É que nem todos são assim
Nem todos pensam como você

Na inocência de querer se dá
Andamos expostos até demais
Saímos com o coração na mão
Ao ponto de vir ladrão roubar

E eu temo esses ladrões
Pois sei que o pior bandido
É aquele que te rouba o coração
Pois até você recuperá-lo
Seu coração padece
Nas mãos de quem não merece
Nem um pouquinho de atenção.

sábado, 28 de agosto de 2010

ARREBATE




Sua imagem súbita insistentemente
Invade minha cabeça com força
E é quando eu tento descansar
Que ela retorna ainda mais clara

Mas é difícil esquecer o seu cheiro
Pois ele “empreguinou” no meu couro
E eu até que tentei fugir com banho
Mas já parece parte do meu corpo

Seus olhos, sua pele, seu toque
Seu sorriso, sua boca, seu beijo
Sua atenção e cuidado, tive sorte
De te encontrar e permitir que ali
Pudesse existir um hoje, agora!

Não quero ser um alguém qualquer
Mas eu sei que se for hoje, serei
Então, pode relaxar, não é mal querer
É apenas um senso de proteger-me
Para não me machucar, nem a você!

domingo, 4 de julho de 2010

DIÁLOGO I: MEU NOME É SILÊNCIO!

- Meu nome é Silêncio. E o seu?
- Meu nome é Conversa. E agora?
- Será que dá pra juntar?
- Claro que dá!
- E como fazemos?
- Você fica responsável por falar!
- Como assim?
- Você vai falar tudo o que sentir em seu coração. Para que estejamos juntos, você terá que mudar de nome, seu nome agora será Sinceridade.
- E você, o que fará?
- Continuarei sendo a Conversa. Quando você chegar com sua sinceridade e falar, eu te chamarei para uma conversa séria, e tudo se resolverá.
- Mas e se eu só conseguir ser Silêncio? Já aprendi em toda a vida a engolir choro e morrer por dentro.
- Se quiser, vai ter que ser assim, ou nada feito!
- Pois você mudará de nome também. Proponho-lhe um novo nome.
- Qual seria?
- Compreensão!
- E o que eu teria que fazer?
- Entender que às vezes minha Sinceridade se expressará em um simples calar.
- Poderei ser Compreensão. Mas no dia que sua expressão for o Silêncio, terei que lhe chamar para uma Conversa séria.
- Ok! É por isso que eu te amo!
- Eu também, meu amor!




Podemos tentar ser um ideal, mas o amor só prevalecerá, no momento em que um aprender a conviver com a diferença do outro.

sábado, 3 de julho de 2010

GARAGEM DO MEU CORAÇÃO



Pode até parecer bobagem
Mas a garagem do meu coração
Está toda suja, empoeirada
Por eu esquecê-la de repente
Depois da sua brusca chegada

Não ligo mais pra ferrugem
Nem limpo mais o carpete
Mesmo que algo novo agregue
Na velha e suja garagem
Aos poucos tudo se perde

Você deveria no mínimo considerar
Que já que eu te dei esse vão
Se você não vier limpar e ficar
Vai continuar por aqui abandonado
E pode vir outro alguém sem lugar
Disposto a morar e eu decida deixar

domingo, 6 de junho de 2010

CADEIA



Quando começa a se aproximar
Das zero horas do sábado à noite
Meus poros ficam a transpirar
O veneno que faz arder teus olhos

Eu bem sei que o corpo fala
Mas o meu fica gritando
E eu tapo os ouvidos na sala
Para não acabar pirando

A única forma de penitenciar
O meu desejo que desenfreia
É te impossibilitar de me ter
Pois assim me livro da cadeia
Do meu corpo do teu depender

segunda-feira, 31 de maio de 2010

DEVORO-TE

Tragam esse banquete nessa tigela
Tirem essa tampa barriguda de cima
Eu vou devorar sua alegria amarela
E o seu choro vai alimentar minha sina

Agora é de propósito que vou ferir
Vou transpassar seus sonhos bons
Com uma estaca logo no amanhecer
Para que o tormento seja o trainee
Do seu eterno medo de me pertencer

domingo, 30 de maio de 2010

CICLOS



Olha que mudo viu,
Não me prendo a qualquer idéia
Nem tudo me convence, não!
A verdade é relativa
Olha com meus olhos
Aposto que não verás fantasmas
Tenho pena dos que vivem
Em traçar caminhos ardilosos
Para um dia morrerem cristãos

Deixo-me em minha sabedoria
Se é que ela existe para alguém
Só sei que eu aprendo comigo
Pois você dificilmente me ensina
Se continuares apenas a querer
Encobrir tua fraqueza com o saber
Vai chorar futuramente
Quando olhares para trás
E enxergar que foram vãos tais rituais


Hoje começo um novo ciclo
E você ainda está incluso nele.

sábado, 1 de maio de 2010

SOMBRAS



Quando eu olho para aquele verme branco
Eu só lembro-me de mim na minha desgraça
Eu fico enganando minha sombra quando
Ela tenta passar na frente e me retarda

Se eu pudesse eu apagava a sombra
Daquela pessoa que mais amo agora
Só assim não teria que olhar pra ela
E ver sua sombra não se conformar
Em ficar pra trás e querendo passar
Na minha cara aquilo que não quero saber,
Nem muito menos lembrar...

Vamos armar uma guerra contra elas
Destruí-las, aniquilá-las, esmagá-las
Traiçoeiras, sujas, sanguinárias
Elas ficam pra trás por isso mesmo
Por serem menos reais e mais imaginárias
Saiam da minha mente, saiam, saiam...

ANTES QUE TUDO QUE HÁ EM MIM CAIA



Tô deixando cair meus dedos de propósito
Eles não tocarão mais o que desejam
Pois de que adianta que eles queiram
Se o objeto só desaparece no momento
Os dedos apalpam o nada, resto de vento

E logo depois cairão os meus braços
Não os deixarei serem tolos o bastante
Pra continuarem iludidos com abraços
Prefiro ficar sem eles num instante
E antes que tudo que deseja você desabe
Eu gritarei que odeio essa gama aqui
De sentimentos que me deixam louco
E viverei cada momento achando pouco
Antes que tudo que há em mim caia

terça-feira, 13 de abril de 2010

PRECISO SONHAR



Quero deitar e dormir por um mês
Descansar de todo o tempo corrido
E sonhar que sou uma folha seca
Soprada por um vento solto, perdido
Só acordar depois de ter percorrido
Todo o território da terra do nunca
Pois só lá, todo e qualquer perigo
Continua sendo sonho, e até o ruim
É mágico, é bom, é próximo, é rico

Me deixa sonhar, eu preciso realmente
Por um mês não me acorde, por piedade
Talvez assim eu descanse já. Agora!
Fugindo de toda e qualquer realidade

DOENTE



Eu me mutilo toda vez que encostado na parede sou
Pois percebo que escolhas tenho que fazer
E triste fico por só conseguir ver
Que não posso ser completo e sofro
Choro só em olhar pros dez braços que tenho
E ter que cortar um sequer deficiente
Para que de tantos, pelo menos um seja eficiente
Mas quando se trata de sonhos...
É tão difícil, me maltrata, eu fico tão doente

Eu queria ser a Björk
E fazer comigo o que ela faz
Queria ser Thom York
E viver uma arte minha, eficaz
Mas eu só faço chorar
É o caos que me ultrapassa
E me obriga a sublimar
Ai eu Choro,
Eu só faço chorar...

ESSE EU



Quem deve ser esse que habita em mim hoje?
Eu não me reconheço há algum tempo e bem sei
Que por mais que eu procure racionalizar...
Como irei organizar tudo que por vezes pensei?
De que esse Eu era forte, impetuoso e uno
Que me dava personalidade marcante. É errei!

Na verdade eu tinha era certeza que Ele era eu
Que esse Eu era como o olho potente de um psicopata
Um grito na garganta que não cessa, mas se resguarda
As garras de um gavião solto em ambiente desconhecido
Que me expõe às vezes, mas me protege quando preciso

Esse Eu não te mostra a ninguém,
Mas não te poupa de você mesmo.
É ruim descobrir que você não é tão onipotente
E que tudo o que existe de mais real em você
É justamente esse Eu que te fragiliza. Doente!