É um invasor, impróprio e tão próprio,
É uma força majoritária, um tremor,
Um engasgo.
São fogos de artifício explodindo em mim,
É um desejo de viver impossível,
É uma morte possível, é uma cena na mente,
Um pulo de um penhasco,
É querer ser o improvável,
É vontade de chorar, um conflito...
Incompreendido.
É a pele estranha, é um toque transgredido,
É um grito preso, uma tontura,
Uma escrita ilegível,
Um espelho quebrado, minha imagem dividida,
Uma solidão irreparável.
É uma instabilidade, uma inconstância,
Um nó, uma dor de parto,
Uma mutilação psicológica, um buraco,
Um negro buraco.
O desconhecido, o imensurável,
O corpo violado e invadido
Por um sentimento parasita,
É um desespero, uma sensibilidade exacerbada,
Como se estivesse à beira do surto,
Como se a qualquer instante fosse escorrer de meus poros,
Lágrimas pretas que pintassem um quadro negro,
Para que possam vir colori-lo algum dia,
Pois eu não consigo mais.
Minha ótica impetrada,
Meu coração maculado, meu desejo torpe,
O que há em mim consome o que resta de super-homem,
Eu tenho me reduzido a algo que desconheço e temo.
Eu já Perdi a direção do que me acusava,
Eu não subordino mais meus sentimentos,
Eles tem me roubado a paz,
Como se quisessem abrir uma fissura no meio do meu peito e explodir na cara das pessoas, eles querem me destruir, e eu continuo sofrendo, eu já pintei dez quadros, mas de que adianta? Eu já escrevi tantas canções, já tentei amar alguém...
(choro)...
Eu nunca serei compreendido,
Eu vou morrer sozinho,
Não por falta de amor e carinho,
Mas por saber que esses hospedeiros malditos,
São condição para existir-se humano.