domingo, 30 de agosto de 2009

SEM TÍTULO II

Óh cansaço, leve-me contigo
Usurpa meus medos
Me leva contigo
Para que eu desapareça completamente
Me leva contigo
Para que eu sofra muito menos
Me leva contigo
Que eu suma de vez
Que eu me perca por ai
Que eu me veja uma outra vez
Mas que não volte a cair

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

ISSO MOÇO, CAMINHE...


Deixa eu ver, como posso explicar...
Há uma gama de sentimentos aqui
As pessoas já começaram a notar
Que hoje estou fora de mim

Um montão de confusões
Me atormentam como demônios
Chegam a causar convulsões
Desesperar meus hormônios

Pare de se envolver tanto
Eu já falei, se concentre um pouco
Esquece isso por enquanto
Se aquieta, sinta-se solto

Lembre-se que apesar de tudo
Você se encontra consigo mesmo
E nesses encontros rotineiros
Você não se sente a ermo

Público, pessoas, gente
Sentimentos/estranhos/sentidos
Chega, por favor!
Pare de se sentir tão aflito

Suma agora, se jogue naquela esquina
Caia no boeiro, respire esse vento
Voe bem baixo, como a ave de rapina
Mas esqueça de tudo nesse momento


Isso moço, caminhe...
Vá embora, caminhe...
Suma, caminhe...
Caminhe...
Caminhe...

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O MUNDO PERDEU AS CORES?


E agora, aonde foi parar aquilo?
Ultimamente tudo tem mudado
E agora, como eu me encaro,
Diante do tamanho disso?

Eu corro, eu me escondo
Às vezes me calo, me enfado
Mas às vezes não minto, me exponho
Nem que eu morra largado

E eu apenas me perguntando
Tudo tem se resumido em um ser
O mundo perdeu as cores?
Não! Elas foram parar em você

E realmente se existe razão
Ela está nesta simples afirmação
Porque quando penso
Que posso pensar em alguém
Só penso em você
Coitado de mim, meu bem
Que estou cativo assim
Doado por todo, por mente
Por focos, por olhos, de mim
Pra ti.

Se as cores estão em você
Vou pintar o quadro mais lindo
Se de tudo o que quero, é ver
Teus olhos e sorrisos surgindo
Para que ainda me preocupar
Em ser meu, me guardar
Se a idéia de ser meu ta sumindo
Só me resta a ti me doar

Não resta mais dúvida, meu amor colorido
De toda sorte de realizações possíveis
Você é como a força dos ventos varridos
Pois só você me domou assim
Teve a coragem de enfrentar meus medos
De me fazer sentir cheiros de carmim
Me fez destruir cercas, abrir selos

Realmente tudo foi parar em você
Meu centro de atenções,
Meu circo, meu espetáculo
A mais linda das atrações
Meu doce mais gostoso
Inspiração para novas canções

É só você neném, só você meu bem
E agora por certeza eu sei
Tudo se concentra ai agora
Não tenho mais o que temer
Nem por que ir mais embora.

...

Do meu veneno mesmo não
Você não prova, pois não deixo
Pode implorar, chorar por pão
Não te darei mais nenhum beijo

O movimento da minha língua
Percorre a boca até o queixo
Da mais ardente tentação
Do mais espantoso desejo

Por que você não se controla
E se apaixona facilmente
O jeito é eu não te dar bola
Ou sem aviso ir embora
Pra vê se me tira da mente

sábado, 22 de agosto de 2009

CÉU DE BRONZE



Olha aquele céu
O que será que aconteceu
O céu ta cor de bronze?
Ou já amanheceu?

Grita bem alto ai
Pra ver se alguém escuta de lá
Acho meio improvável resposta
Mas vai que me engano, sei lá
E se deus estiver dormindo?
Não, melhor não incomodar
Deixa, grita não, depois a gente vem tentar

Como assim você vem me interrogar
Sobre o que quero gritar no ouvido de deus?
Já devias saber, ou pelo menos fingir
Que sabe quais são meus sonhos
No quê eu quero prosseguir

Esqueceu que te quero pra sempre?
E talvez sozinho eu não consiga
E vai lá que deus esteja feliz hoje
E que toda a pregação prossiga
Ele pode nos ajudar

Mas com esse céu fechado
Como posso ser entendido?
Cala-te agora, ta impossível
Ou deus trancou o quarto
Ou ta se fazendo de difícil.

Mas e se ele não tiver disposto?
Nem quiser abençoar?
Se as pessoas que mais amamos
Vierem a nos abandonar?

De uma coisa eu sei
Pode o mundo desabar
De você não desistirei
E se os destroços me ferirem
Mesmo assim continuarei
Pisarei em espinhos
Mas pra você cantarei
Aconteça o que for
Em tempos difíceis ou não
Te amarei!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

FALE-NOS AMOR...



Um dia o mundo inventou o amor
Em um plano odioso
Passando uma idéia de sabor
De um fruto delicioso
Escrito em papel de carta azul
Direcionado a um outro
Junto com um buquê de jasmins
E uma bomba no bolso

Foi assim que o amor despertou
Com uma idéia suposta de paz
De um alguém que só queria o bem
Este não encontrou jamais

O amor gera a guerra?
A paz também erra?
O erro espera de alguém
Uma reação suspeita de bem
Pelo menos uma prova
Uma resposta vinda do amor
Um por quê de tanta dor
Sua explicação, sua defesa
Ou simplesmente sua derrota, sua sentença

Fale-nos amor, não se acovarde
Por que mesmo depositando tanta fé
Por que mesmo acreditando tanto em você
Por que mesmo assim, nos traz tanto sofrer?

NESTES DIAS



Se vão, se vem, os dias, amém!

Nestes dias a fantasia é a única possibilidade
Nestes dias me escondo
Fecho a porta para a felicidade
Neste dias a única forma de ser feliz
É dizendo não pro real
Me abolindo de mim,
Fechando o canal
Olhando pros pés,
Buscar direção
Sem encontrar meu caminho,
Mas com os olhos nos pés
Esquecendo de mim e do meu coração

Nestes dias trago ao real o que não é meu
Com mascaras nas mãos
E os olhos nos pés
Com lágrimas no chão
Retornando ao lugar
Onde posso sofrer e chorar sem noção
Sem alguém pra dizer
Que sou fraco ou ladrão
Que me roubo de mim e prefiro a dor
Que prefiro sofrer e me privo do amor

Se retorno a ver
Há sorriso? Duvido!
Posso até dizer
Que estou centrado e enfim
Continuar escondido
E poder expressar
Minha fé, minha arte e meus pés,
Ou até uma parte de mim

Expressar para quem, se escondido estou?
Expressar para mim, meu narcísico amor?
Já que não posso amar, quem primeiro me amou
Continuo escondido atrás de minha flor

Nestes dias, viajo de novo
Nestes dias me afasto de mim
Olhando nos olhos da flor
Porém, evitando o jardim
Querendo a doçura do mel
Porém em minha boca o fel

Na busca incessante de retorno constante
Querendo ser o que jamais serei
Desejando ainda o que nunca terei
Continuando na fantasia evitando o normal
Gritando, implorando pelo gozo real
Que me falta e me mata, que me dói em lembrar
Que um dia fui seio e hoje tudo anseio
Sem nada poder esperar

Com a única certeza
Que a simplicidade e a delicadeza
Me aproxima de mim
E te afasta de mim
Te aproxima da máscara
Que antes estava em minhas mãos
Depois em meu rosto e agora em meu peito
No meu coração

Nestes dias só me restam:
Eu e a minha ilusão
Meus pés e minha solidão
A fantasia e a poesia
A arte e a melancolia
A dor e a nostalgia
O céu sem minha estrela guia
O perfume sem a flor verdadeira
A tentativa de uma vida inteira
Procurando a jóia primeira

Querendo ser um ser completo
Fugindo, fugindo, fugindo...
Querendo, querendo, desejando...
Escondendo, escondendo...
Meu segredo e a dor
Para evitar o meu fim
Para Tentar sobreviver
Mesmo que sem meu amor
Mesmo que sem ter você
Tudo isso nestes dias

SEM TÍTULO

É em infinitas noites sozinho
Que reconheço a carência, o vazio
Ficar assim doe tanto
Mesmo com tanta gente, por quê?

É como se fosse insaciável
E em minhas rotinas
Como se um rastro de choro
Fosse companhia até a esquina

Vívido em luz, luzes sombrias
Elas só iluminam minha desgraça
E agora, ela não precisa ser descoberta
Não precisam saber o que se passa

Se sozinho sofro assim, é por que
Quando me olho no espelho só vejo a mim
E é justamente eu, que mais me dá medo
É justamente nessa imagem que enxergo
Uma vida curta, um fim.

Talvez a demora em aparecer o sol
Para que eu possa ir me deitar
É o que mais me cansa
Enquanto for noite eu não dormirei
Eu simplesmente correrei e correrei
Em busca do quê, é que não sei
Talvez de uma paz que nunca terei
Por que sempre serei atormentado
Pelo pior dos fantasmas
O meu.

A FINITUDE DE UMA FLOR SOZINHA


Ela era uma flor
Pobre flor de encantos
Mas de repente aos prantos
Encontrou uma dor

Onde estava seu lenço?
Só pensou, em silêncio
A única lembrança, penso
De um antigo amor

Caminhou pelos lados
Sucumbiu seu cansaço
Com um grito engasgado
Outra lágrima rolou

O que na verdade atingia
Essa flor em sua estrada
É que antes ela tinha um guia
O tal lenço, seu mapa

Com tamanha tristeza
O que esta flor faria?
Talvez andasse pra sempre
Procurando alegria

Nada disso ela fez, nem muito menos faria
Ela apenas lançou-se em um lago sombrio
E seu olho atou-se, talvez com cenas felizes
Para que a tristeza aos poucos se fosse, sumisse

Que segredo se escondia
Por detrás de tal lenço
Ninguém nunca sabia,
Mas agora no vento
Todo ar de lamento
Em seu pequeno rosto
Desaparecia.

Sem adeus, sem partida
A flor sozinha sumia
Simplesmente afundava
Em sua finitude, morria...

sábado, 15 de agosto de 2009

ANALOGIA DE ESTADOS

Movido a dores?
Movido a amores?
Empurrado pela sorte
Ao penhasco da morte?

Pra que falar de amor?
A paixão vai tão bem
O desejo na carne
A alma desvairada
Sumida nas madrugas
Oh alma iludida
Será que procuras meu coração?
Será que não sabe que o amor
É uma doce ilusão?

Será egoísmo me privar dessa forma?
E se existe alguém sofrendo por mim agora?
Mas e a dor de estar perto?
Não sou do todo, não sou do grupo.
Se desejo vivo, se amo sofro
Se desejo fico, se amo fujo
Tristeza, felicidade, e...

Talvez não se entenda
Talvez nem queira
Ninguém precisa
Basta a cegueira
De decisões indecisas

Analogia de estados
Estados de sentidos
Sentindo os trapos
Ao sentir a vida
Seu trapo, minha vida?
Nada sua, nem tão pouco minha.

Caminhando por vias
Estranhas, alheias
Em minha própria mente
Dentro das veias
Será que é de gente
Essa forte candeia?
Que de forma atrevida
Arrebata minha vida
Estraçalha seguranças
Estupra meus laços
Deixa-me insano
Desvirtuando meus passos

E aquelas perguntas?
Movido? NÃO!
São tantas perguntas...
Só não me peça respostas. NÃO!
Não sou racional
Talvez saiba quem sou
Por analogias e poemas
Crônicas e dilemas

Como um sujo jornal
Que de velho rasgou
Foi jogado no lixo
E o farelo voou
Na verdade não sei quem sou
Sensível demais?
Uma mulher que gosta de mulheres!
Posso ser o que queres...
Porém, você nunca será
O que preencherá meu viver
O que me faz respirar

Só uma coisa me excita
E aquece meu coração
Nas madrugadas frias
SOLIDÃO!

MADRUGADA


Quando a noite se esconde
E a madrugada aflora
A janela aberta e o frio lá fora
Convidam-me insistentes
A sair voando, ir embora.

Percebo então nessa hora
Que o que muitos têm medo
A escuridão sedutora
É o meu gozo perfeito

Quando muitos cansados
Se deitam e dormem
Neste momento levanto e conto
Contos para ficar acordado
Para a noite dormir
E eu, enfim, abraçado
Com a madrugada me ir

Desconfiado dos sonhos
Sumido na rua a espreita
Excitado com corpos
Que dormem em meio à sarjeta

O frio aquece meu peito
A arte expressa alegria
A sombra e o silencio alheio
Me preparam p’rum cansado dia

Com asas em um mundo calado
Sobrevôo em largas estradas
Procurando um coração alado
Companhia para as madrugadas
Sem encontrar,,, retorno...
Para o meu mundo estranho
Ao ver a ponto do sol
Fecho a janela e sonho
Quando as pessoas levantam
Então em sono me tomo
Para viver irrealidades
Que de dia não ouso
E buscar por sons e verdades
Que só na madrugada ouço

É assim o meu jogo
Me entrego e me envolvo
Sem regras, sem obrigações
Apenas poemas e belas canções

Madrugada querida,
Não me iluda, me diga
Se me amas, me sara
Não apenas prometa
Que serás toda minha

Me envolve e fascina
Com estonteante beleza
Pros outros escuridão
Pra mim singela clareza

Oh madrugada amada,
Como ficará o meu ser?
Se um dia eu tiver de dormir
Não saberei mais viver

ÁRVORES PESSOAS


Pessoas, pessoas,
Singelas, soberbas
Às vezes classudas
Às vezes caretas
Algumas confusas
Algumas certezas
São todas pessoas
São todas beleza

Árvores, árvores
Tão verdes, cansadas
De ficarem eretas, paradas
De serem cúmplices
De serem chamadas,
A presenciar amores
Abandonos, caminhadas

Eu sou a lenha cortada
Repartida, esmiuçada
Eu já fui árvore, já fui usada
Já fui ouvido, já fui chamada
Presenciei carinhos
Choros, soluços, engasgadas
Tristezas, solidão e passeatas
Em minha defesa?
Mentira deles, mentiras
Por quem eu acreditava
Que pudesse ser amada
Foi justamente o engano
Fui cortada.

Pensa que aprendi?
Mesmo desconfiando
Continuo a insistir
Agora vou ao fogo
Ser brinquedo de quadrilha
Vou desaparecer, sem partida
Sem tchau, sem despedida
Talvez um dia volte
Na raiz de uma nova árvore
Para ser tudo de novo
Menos o que eu mais tema
Aparentemente mais desejoso
O que no ouvido mais soa
O que eu queria mesmo?
Simplesmente ser pessoa!



Dedicado a um amigo muito especial.

SABE...




Sabe um mundo desabando
E você não escuta o barulho
Só sente algo estranho
No estômago um embrulho
Pupilas dilatadas
Sentimentos misturados
Coração na garganta
Pedaços despedaçados

Como se você flutuasse
Sem chegar a lugar algum
Só saísse sem se preocupar
Sem ao menos saber se vale
Mas sabendo que pode ser que seja
Que é só você que realmente sabe

Sabe uma voz chamando de longe
Você já ouviu aquilo antes
Mas não sabe de onde
Talvez na infância
Ou num sonho infame
Mas a voz te chama
E ela vem de longe

É sair gritando nu, desesperado.
Como se quisesse ser liberto
E ao mesmo tempo aprisionado
Uma sensação tão intensa
É um querer desenfreado
É produzir sintoma a todo instante
Só em pensar no desejado

Grito tanto e não sai voz
Você corre e nunca chega
Mesmo com gente se sente só
Como se caísse de um penhasco
De olhos fechados sentisse o asco
Ao tocar o chão com os pés descalços

Nem sei o que tento explicar
O que sinto enquanto escrevo
Ao som de canções que me fazem
Sentir mais de perto o desejo
Sonhar com o dia, a imagem
Do que antes estava tão longe
E agora talvez na garagem
Produz sensações vacilantes

Será que o presente me estraga?
Tudo é tão inquietante!
Será que prefiro o impossível?
O improvável? O inconstante?
E a libido que invisto agora?
Nesse objeto tão forte, gigante.
Não faço mais nada,
Não mato, não morro
Não fumo, não bebo
Não estudo, não trabalho
Só me alegro e sofro
Sinto um calor, um gelo
Tudo unido, misturado
Junto, condensado
Tento gritar, um apelo
Mas não sai voz, não tem jeito.

Penso em me lançar
Deixar que isso tudo me leve
Mas se não suportar?
Se eu me devorar?
Meu pobre coração, como será?
Ansiedade? Ansiedade!
A resposta pra tudo? Não acharás!
E se isso tudo for amor?
Será q vale a pena amar?
Se amar vou morrer,
Tenho certeza, não vou suportar.

Eu vou tentar ficar quieto
Respirar fundo
Cantar “Esquadros”,
Contar até mil
Deitar no chão do quarto
Olhar pro teto e sentir frio
Vou me enrolar no lençol da noite
Mas vou desligar a tv,
O rádio, o pc

Vou sumir de mim,
Se alguém me achar, não sei
Como será que me encontrará?
Talvez apagado, verei
O que não poderia imaginar
Mas acordado tentei

Se for tão real tudo então
Eu não consegui, mas pensei
Se realmente for possível amar
Tenho certeza, morrerei.

DOCE ILUSÃO





Só vi de repente
Mas me decaiu
Vi-me de joelhos
No reflexo, teus cabelos
Você sorriu?
Acho que sonhei
Eu só te olhava quando acordei
Com a vista mais bela
Me deparei
Se eu não fosse tão emocional,
Não diria: “me apaixonei”

Aqueles pés...
As unhas vermelhas
Piscavam pra mim
Nas sandálias rasteiras
E as pernas compridas...
Uma bela excursão
Só me desconfortava
Ao buscar direção
Eu caçava os teus olhos
Não querendo os ter
Porém quando me viam
Me invadiam
Me deixavam a mercê

Foram 30 minutos
De inquietação e desejo
Força e calor
Fantasiando teus beijos
Já sonhava com filhos
Casamento eterno
Uma vida recíproca
De carinho e afeto

Eu não estava ali
Eu estava em ti
Vislumbrado, em te ver
Aterrorizado em sentir
Tanto desejo em te ter, em te possuir

Teu olhar invasor
Tão rápido, sedutor
Refreava meu ar
Sufocando, indolor
Me sentia asmático
Em pensar em pensar
Que poderia ser minha
E pra sempre te amar

Te guardaria em secreto
Pra ninguém te olhar
Mataria, morreria
Para te conservar
Se a eternidade é pouca
Pra ter teu coração,
E beijar tua boca?
Quantas eras serão?

Quando se aproximou
Fechou os olhos, sentou
Ai meu deus, acelerou
Meu pobre coração
Quase parou
Fechei os olhos também
Desconfiado em abrir
Queria apenas uma coisa
Queria te ver sorrir
Talvez se sorrisse
Eu tomasse coragem, ou fugisse
E agora o que faço?
To perdido, pacato
To tenso, mesmo sem querer
Te acho, no pensamento

Nossa, fui bobo
Devia ter sorrido,
Me declarado, me dado
Mas fui banido
Por mim mesmo,
Pelo medo, retraído

Minha coxa em tua coxa
Fiz questão de tocar
Pelo jeans, pela pele
Te sentir, te cheirar
Com o suor escorrendo
Te engolir, devorar
Mas que dor eu senti
Em ter que desgrudar
Minha perna da tua
Despedir-me, voar

Me afastando aos poucos
Foi que eu pude notar
Tua busca incessante
Em um ultimo instante
Com o olhar pequenino
Me pedir pra ficar
Só baixei a cabeça
Caminhei perturbado
Só pensava: ”que burro,
Te deixei escapar”

É, Talvez meu destino
Seja a busca eterna
Por não mais ser sozinho
Mas te ter sem espera
Mesmo apenas em sonhos
Mas te ter sempre perto
Me fundir com você
Em fantasias, protestos

Por certeza terá,
Solidão não mais será
Detentora dos versos
Que eu compor ao luar

Pra quem me roubou de mim
Eles dedicados serão
Pra você oh mulher
Minha doce ilusão.

ESPETÁCULO



Coitados de vós, q passeiam
Que me cercam a espreita
O que pensam que sou?
Um gigante sem dono?
Ou um anão na gaveta?

Vocês tem esperança de tolo
Em achar que sou como vocês
Que se afirmam, dá pra ver no olho
Esperam o tropeço, a queda da vez

Não sou espetáculo, não sou campeonato
Não me dôo, não me vendo
Eu que vou e simplesmente faço
Sem satisfação, sem despedaço

O que querem, meu beijo?
Ou que eu desapareça sem beira?
Seria apenas curiosidade, desejo?
Não agüento mais tanta asneira

Não vou ser espetáculo certeiro
Podem deitar, esperar meses
Fiquem distraídos, furem seus olhos
Pois posso surpreender às vezes

Então se você quer meu bem
Apenas cale-se e reflita
Eu sou apenas um pobre rapaz
Em seu mundo confuso e simplista
Trancado sem chave
Em um cercado, cercado por jades

Meu mundo pequeno de canções infinitas
É ele que me dá a certeza daquela coisa incerta sentida
De que muito do que aprendi e sei nestes tempos
É apenas um gota serena dos grandes amores da vida

AH PÉS...

Olhando pros pés agora
Ele esconde tanto de mim
Mesmo sendo cúmplice, sim
Não confio neles há horas

Insistem em correr pro pecado
Destorcidos, danados
Depois quem leva a culpa?
Sou eu, denominado safado

Ah pés... ainda corto vocês
Mas eu bem que sei
Deixarão testamentos, herdeiros
Os olhos lascivos, furei

Mais tranqüilo, sozinho
Sem olhos, sem pés serei
Bem melhor aleijado
Que eternamente triste
Bem melhor aquietado
Que ansioso, preocupado
Queimando por dentro, engasgado

Iludido com paixões “verdadeiras”
Em busca de descansar os pés
Parei de procurar por ouro
Aquele buscado por todos com dor
O mais desejado tesouro
O tão belo e terrível, O AMOR!

O QUE É ISSO...

Bombardeado, sucumbido, excitado
Não sou mais corpo, não sou mais nada
Posso até ser intenso, exagerado
Mas não sei explicar o que se passa

Hoje eu sou apenas sensações, pedaços
Sensível ao cubo, insensato
Sou quase nirvana, um estado
O cheiro do almoço ou do ralo

Sou iogurte vencido, o trapo
Perambulando nas noites, vagando
O sopro do cardíaco, o laço
Sou a tristeza da puta chorando

Sei lá o que é isso, é estranho
Vontade de chorar sem razão
Um engasgo de dor, é engano
Mesmo com tanta gente me amando
SOLIDÃO!

ME ROUBE



O que faço comigo?
Me empresto, me digo?
Se digo, nem ouço
Se me empresto, nem uso.
O que faço comigo?

Por favor alguém me roube
Antes que seja tarde, me louvem
Antes que eu me perca, me achem
Antes que amanheça, me amem

Por que sinceramente
Não sei o que faço comigo
Não sei se te quero. Te digo...
Nunca estive tão fácil. Te digo...
Como os pés sem sapato, liberto!

Não me oferece o mundo
Eu posso sumir confuso
Sou especialista em ser só
Talvez por isso te uso

Não quero te fazer sofrer
Eu quero te fazer sorrir
Por isso, me prende a você
Me prova que não preciso ir

Te digo de novo, me rouba
Pois as vezes eu sumo, eu morro
Me castiga, me açoita
Antes que seja tarde, me rouba!

Por mais que possa parecer
Que eu estou bem junto a você
Tem algo inquietante, é...
Algo inquietante em você
Porque essa espécie de dono
Você tenta ser?
Não acredite em meus sins
Não pertenço a mais ninguém
A não ser a mim.

Egoísta? É talvez!
Altruísta? É não sei!
O que eu queria mesmo
Era fugir sem ermo
Agora, sem medo
Mas eu fico em rondas
Esperando calado
Que algo aconteça
Ou que eu seja roubado

Me roube agora ou me deixe
Eu vou embora, se feixe
Não se declare pra mim, sossegue
Eu só sou de mim, se aquiete.

FUNDIDOS


Incrível como você faz meu dia feliz
Transformando o sonho em canção
Arrancando de mim tanto amor
Se apossando do meu coração

Hoje tudo foi especial
Cada olhar, cada toque
Cada riso me queimava
Por dentro um intenso choque

A brisa, o mar, o por do sol, o luar
Tudo ao seu lado parecia sumir
Até os amigos, de longe avistar
Nada foi pior do que ter que me ir

Os toques nos dedos dos pés
As declarações baixinhas
Os escritos na areia,
Nossas vidas, todinhas
Minha é sua, sua é minha
Os dois em um, unidos
Mesmo com todos, sumidos
Eu e você amor, fundidos

Tantos sonhos, planos
Cedo demais? Quem disse?
Se eu esperei tanto tempo
E meu amor agora existe?

Eu sei de poucas coisas
Mas são poucas imensas
Que te amo com força
Com intensidade, certezas

Desde o primeiro abraço
Eu já sabia, era teu
Desde a primeira saudade
Eu já sabia, me venceu

Me roubou, e eu que pensei
Ninguém faria isso
Ninguém me teria assim
Mas agora é certeza,
Me tens todo pra ti

Por certeza eu tenho
Que de todos os belos jardins
Nenhum se compara a você
Meu campo belo, jasmins

Seu beijo doce, calor
Seu corpo e cheiro em mim
Me entorpecem de amor
Me deixam bobo assim
Ao ponto de me declarar
Me entregar dessa forma
Me expor sem medo, me dar
Ser todo teu sem demora

Obrigado por aparecer, existir
Pois só você foi quem eu quis
Pois de todos os seres o mais belo
Apenas você tem me feito feliz

Te amo!

ÓH CANTORA



Por que será que quando me interpelo assim
Apenas poucas palavras balbuciadas em mim
Tornam-se incompreensivas, sem entendimento
Como se eu cassasse algum resquício de sofrimento?

Mas o que parece mesmo é que eu fico calmo
Quando algo me atormenta, eu só ligo o rádio
Ouço essas poucas canções, que me seqüestram
Por alguns minutos me somem, me levam

Como ela consegue fazer isso?
Eu olho a voz dela, mergulho no seco
Eu ouço suas mãos no piano, perco o medo
E me apaixono pelo som que sai da sua garganta
Ela mexe direito, faz tudo bem feito
Eu é que me desconcerto, pobre sujeito
Deixo tudo errado para que haja uma magia
Apaixonado platonicamente por uma deusa
Eu acreditei demais na mitologia,
E a minha esperança talvez era
A possibilidade de que realmente os deuses
Pudessem se envolver com pobres humanos
Apaixonados ciganos
Desgarrados fulanos, ciclanos, beutranos...
Pobre d’eu, que sonho em ser Zeus
Óh cantora, para tê-la pra mim
Dedico a você um amor sem fim.

Se você pelo menos me visse, veria
Que meu confuso “será?” seria,
Apenas uma forma de ter uma resposta concreta
De ter por certo uma ilusão sadia
Por que até agora o que tenho
Nem ilusão é, se é sadio nem sei
É tão distante de mim, que venho
Me policiando de mim, cansado, eu sei!

Seus sussurros, meu deus
É como se você enfiasse a mão
No meu peito, e arrancasse o que é seu
O que nas madrugadas tão frias
Chora aos teus sons, o meu coração
Clamando nem que seja por mais uma rotina
Pode até ser bobagem, uma sina
Mas é mais pura verdade, você me fascina

Nem busco rimar minhas rimas
Mas é que geralmente escrevo aos teus sons
E é natural, você realmente me inspira
Se um dia me perder em suas notas
E me achar no lixão, eu saberei
A culpa nunca foi sua, foi minha
Que por uma deusa bem maior que Afrodite
Foi logo por ela que me apaixonei

Dedico a você breves palavras
Diante da grandeza de sua beleza
Que seja sempre enrustida de vida
E na escuridão de minhas madrugadas
Me irradie com sua estonteante clareza

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

EU!

Um velho. Bem próximo da partida
Sozinho, escondido em sombras
Devastado, caminhando em rondas
Onde chegarei? Talvez não precise
Eu me perderei. Que assim seja.
Espero que ninguém me ache
E se depois de eras, alguma lágrima me for oferecida
Que seja levada pelo vento, enxuta, varrida
VIVA meus 40 anos
Viva minha mal vivida vida!