
Tem tantas coisas que nos selam
Uma música específica, um cheiro
Uma roupa, um balançado de cabelo
Somos seres mutilados, cheios de temores
Medos irregulares, sentimentais, amores
E quando amamos, nos resguardamos, mudamos
É como se fossemos liquidificados por dentro
E é quando sentimos isso que nos fechamos
Como é que deixamos que nos marquem tanto?
E por que persistimos em marcar os outros?
É difícil identificar os sentidos
Como explosões simultâneas repentinamente
Tudo se concentra e se espalha ao mesmo tempo
Sugam energia e depois explodem fortemente
Nada fica tão próprio e ao mesmo tempo fica
Pois tudo que nos marca, um dia foi de alguém
Porém ainda hoje continua nosso e vive
As lembranças deviam sumir quando os amores fossem
Só assim nós poderíamos prosseguir felizes
Sem tanta gama de confusões e dores
Mas o que fazer se não for sossegar?
Tentar sublimar algo que nos atropela
Esquecer o que nos invade com gigantesca ansiedade
Aquietar o que nos faz sofrer com força brusca
E deixar de crer que existe uma única verdade
Aceitar a humanidade não é fácil
Então paremos de buscar perfeição
Somos seres errantes, mesmo marcados
Somos tortos, homens, vacilantes
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