domingo, 28 de fevereiro de 2010

NIRVANA



O que é aquilo lá na ponte?
Sou eu mesmo latejante?
Como posso me ver de fora
Mesmo estando tão distante?
É o último suspiro agora

Saio hoje do meu corpo,
E enquanto o vejo sumo
Tudo repentinamente
E um breve resumo, presumo
Passa agora em minha mente

Um resumo doloroso
De saudade, não de gozo
Embriaga-me justo agora
Quando a imagem vai embora

Mas se ainda estou pensando
Como posso ter sumido?
Será que estou sonhando?
E o que é tudo aquilo?

Vem se aproximando tão rápido
Parece um retrato, mas tem movimento
Como em um flash, num rapto
Sou tragado, ligeiro, num momento
E essa alegria? Quem levou meu lamento?
A confusão sumiu, me sinto tranqüilo
É tão lindo, assustadoramente lindo
Uma árvore no centro, frutas vermelhas
Um pássaro que voa baixo, uma ladeira
Grama verde onde os pés desaparecem
Um vento que não faz frio, aquece
É tudo muito nítido, claro
E do lado da árvore um lago
Que lugar é esse? Tenho paz, sinto
Lugar lindo, estranhamente lindo!

Mas e as pessoas que amo, onde estão?
Nesse lugar só dá vontade de correr
Nem peso há! E o meu culto a solidão?
No meu coração aqui nem sinto querer

Então prosseguirei em correr, correrei
E enquanto corro, um coro cantarei
E se esse vento que me toca, me soprar
Eu o deixarei me levar e voarei

É como se estivesse numa cama
Acho que estou me tornando o nada
Não me vejo, será o "Nirvana"?
Desaparecendo de novo, me fala
Nada de sons, não ouço mais nada
Só perfeição, sinto-me completo
Então ficarei quieto, quieto...

Flutuando, flutuando, sem fim...
Vou-me indo, vou-me ando, voando,
Voando...

Um comentário:

  1. Ai que lindo Aliatá.
    Amei esse verso "Como posso me ver de fora", o "ver de fora" "verde fora", bem lindo msm!

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