domingo, 20 de março de 2011

O MEL



O mel que escorre da minha boca
Às vezes me faz engasgar
Quando o seu cheiro e seu gosto
Eu teimo em querer espalhar

E é querendo, que eu te privo de mim
Isso me faz gozar quase sempre
Confesso, tem um pouco de maldade sim

Quando esse sentimento me domina
Meus dedos formigam e minha língua...
Seca!
Desculpem-me os amantes
Mas esse mel vai pro ralo bem antes
Que alguém consiga tocá-lo
Prová-lo, obtê-lo, degustá-lo...

E é por certo e propositalmente
Que afloro a maldade em mim
E eu gozo por dentro, gozo sim!

OS FANTASMAS



Os fantasmas que teimam em voltar
E expandir aquele desejo de morte
É, são eles que me fazem querer viver
Mesmo parecendo que não tenho sorte
Vocês dizem que sou deles...
Mas se continuarem a me querer e insistir
Eu sei, se eles me possuírem de novo
Vou continuar a querer existir
E existir dependendo do referente
É ruim, muito ruim...

SOMENTE QUERER



Existem vozes que me atormentam
Gostos que me entorpecem
Cheiros que me alimentam

Entre o pouco de tudo que me devora
Muito é de dentro, no centro
Mas há algo que vem de fora

E é justamente no silêncio da noite
Quando o mundo se fecha e você dorme
Que meu corpo cala, treme, recolhe
É nesse período que eu me drogo
Que eu mesmo deitado, sem movimentos
Sinto o meu corpo mexer, turbilhar
Querer...
Mas não tem você, o que fazer?

(silêncio)

Somente querer...